Já
ninguém vem se hospedar na pousada. O frio e a chuva, mesmo poucos,
espantaram os turistas que, nessa terra de muito sol e calor, querem
apenas muito sol e calor. Choveu a noite inteira e agora estiou. É
noite de São Pedro. Os carros passam, lentos, fazendo barulho nas
poças. Sei que há fogueiras nas ruas, e fumaça. Da janela do meu
prédio observo o pátio da pousada, onde uma noite vi turistas de
várias nacionalidades reunidos num sarau animado e confuso. Agora,
no pátio, varais estendidos de uma ponta a outra dos muros ostentam
roupas e lençóis que oscilam lentos na brisa fria. Daqui a alguns
meses os varais e as roupas e os lençóis desaparecerão. Daqui a
alguns meses o pátio estará cheio de gente de novo. Daqui a alguns
meses as vozes e o barulho da música (“É forró de pé-de-serra”,
dizia a morena brasileira para o gringo que não entendia nada, que
parecia contente só de olhar para ela, só de sonhar com a promessa
daquela noite de sexta-feira) subirão novamente até a janela do meu
quarto. Por enquanto há silêncio na pousada. Seus donos estão lá
dentro, sem dúvida encolhidos diante da televisão. No pátio
oscilam as roupas e os lençóis. Ao lado, para além do muro branco,
os carros fazem barulho nas poças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário