domingo, 19 de fevereiro de 2012

DOMINGO DE CARNAVAL

É um silêncio quase perfeito, o deste domingo de carnaval. Mais cedo cheguei à janela do meu quarto e vi árvores estáticas e carros como que abandonados há séculos. Pouco depois, parado à janela da cozinha, olhando o cruzamento vazio, ouvi um som estranho, incomum: olhei à direita e vi que um grupo de skatistas se aproximava lentamente. Dois, três, cinco, dez skatistas passaram sob minha janela, seguros, soberanos, surreais. É claro que o silêncio não é absoluto: há o eco distante de vozes; há carros que passam muito longe; há um cachorro que late numa casa de esquina. De vez em quando um insatisfeito, algum folião frustrado (imagino que seus amigos o tenham abandonado), sopra uma vuvuzela que mais parece uma corneta de Jericó, e um único som agudo e desavergonhado, impertinente, mal-educado, rompe o quase imaculado silêncio da tarde. Nada disso, porém, retira à tarde de domingo seu ar estático. Parado à janela, tenho a impressão de que tudo está em suspenso. Parece quase impossível que o mundo inteiro não seja tão silencioso quanto esta rua.

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